Inserida num lote estreito com 220m2, uma moradia geminada, de dois pisos com cerca de 60m2 de área de construção, contou com a intervenção do atelier CALLERES – Architecture & Interior Design - ao nível da Arquitectura, Coordenação de projectos e Fiscalização de Obra.

A localização do bairro, próxima da zona histórica do Palácio de Queluz e o desejo de um dos clientes em perpetuar as memórias do passado ali vividas determinou que fossem mantidas estruturas e elementos arquitectónicos de origem – fachada principal, cobertura/ chaminé, núcleo das escadas e portas interiores. Contudo, a nova moradia deveria ser sustentável em termos energéticos e corrigidas patologias construtivas – humidades ascendentes, pontes térmicas, etc.

A base da intervenção assentou essencialmente na ampliação para tardoz e revestir toda a construção – antiga e nova – a ETICS (isolamento térmico de fachadas pelo exterior). Todas as infra-estruturas, materiais e acabamentos foram alterados, bem como, executadas carpintarias à medida para dar resposta às necessidades dos clientes.

O Projecto de Arquitectura actual caracterizou-se pela fusão de dois volumes salientados por duas tonalidades diferentes de cinzento: um antigo, referenciando a preexistência volumétrica de outros tempos e um novo que se sobrepõe, rectilíneo. Grandes planos de vidro desmaterializaram a massa volumétrica na fachada tardoz direccionados para o jardim, estabelecendo e reforçando a forte ligação com o exterior. O garden roof do piso 1 também acentuou essa permeabilidade.

Com uma linguagem depurada, a contemporaneidade do projecto é sublinhada pela configuração dos próprios espaços que fogem à organização tradicional. Resultam compartimentos sóbrios, apresentando uma selecção e combinação de materiais e texturas que conferem elegância e intemporalidade.

No interior, como contraste à frieza do betão afagado - usado maioritariamente nos pavimentos das zonas sociais, instalações sanitárias e escritório - surge nas zonas mais privadas o pavimento de madeira flutuante, conferindo aos espaços uma ambiência de conforto. Em oposição à sobriedade monolítica da madeira e cimento dos pavimentos e paredes, emerge o mármore Estremoz que reveste parcialmente as instalações sanitárias, proporcionando um toque de sofisticação.   

As áreas sociais são agora desafogadas, mais amplas e repletas de luz, com uma paleta de materiais e cores neutras. O tom da Nogueira surge como contraste em alguns elementos chave, como as escadas e portas de correr que dividem as zonas sociais.

O lote é igualmente composto por zonas de estar exteriores, potenciando áreas de lazer e convívio.